quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Fundamentos do Magic: Who is The Beatdown?

Há muito tempo atrás havia o TheDojo.com. O Dojo eh o pai de todos os sites de magic e foi o principal responsável pela integração magic-internet, possibilitando a internacionalização e expansão do jogo. Diga-se de passagem que ele foi, também , o berço do pioneirismo no desenvolvimento de boa parte da teoria de Magic.

Tenho boas memórias desse site. Numa época em que a internet ainda era novidade, eu acessava o Dojo do escritório da minha mãe para copiar os Decks to Beat e destruir todo mundo nos camps de fim-de-semana. Era bem legal.

Fuçando nesse site, eu descubri que haviam mais coisas no Dojo do que Decks to Beat e Tourney Reports. Havim os artigos de estratégia. Com o tempo, eu fui aprendendo o básico dos conceitos teóricos do magic: tempo, card advantage, mana curve, deckbuilding- tudo isso estava lah.

E foi o aprendizado desses conceitos que me tornou um jogador melhor e saum deles que me recordo quando penso no Dojo. Apesar de eu ter ganhado vários jogos copiando aquele “killer” Necrodeck, foi o entendimento do que significa Card Advantage e Tempo que me deu a vantagem sobre os outros jogadores e que me possibilitou, hoje, criar minhas próprias invenções e pilotar adequadamente qualquer deck que venha a surgir.

Digo isso porque percebo que muitos dos iniciantes aqui da liga não dão o valor adequado aos artigos de estratégia. Eu SEI que é mais fácil pular toda a parte escrita e copiar o decklist que estah no fim do texto- hoje em dia você até pode dar download em um deck com dois clicks- mas são os artigos de estratégia que irão lhe dar a base teórica para melhorar no jogo.

Hoje eu vos trago uma adaptação de um dos últimos artigos postados no bom e velho Dojo. Eu sei que o conteúdo não é exatamente original, mas o artigo “Who’s the Beatdown”, de Mike Flores, é considerado uma grande referência em termos de Fundamento do Magic e eu acho que uma releitura seria de grande relevância para os iniciantes (e para os veteranos interessados em compreender melhor o jogo que pratica).

Minha adaptação consiste no desenvolvimento e traduçao do texto original e da atualização dos exemplos para decks mais recentes. Divirtam-se!


WHO`S THE BEATDOWN?

Um erro comum que ocorre no Magic é a má interpretação de quem eh o “beatdown” (agressor) e de quem eh o “control” em partidas envolvendo decks similires. O jogador que não entende seu papel na partida eh, invariavelmente, o perdedor.

O que acontece é que, exceto nos casos do mirror verdadeiro (dois decks exatamente iguais), nos matchups entre decks parecidos um dos jogadores deve necessariamente assumir o papel ofensivo e o outro deve assumir a postura de controle. Esse dilema pode ser complicado quando, por exemplo, ambos os jogadores estão com decks primariamente agressivos.

Essa escolha nem sempre é intuitiva e, por vezes, depende da sutileza de cada matchup. Um exemplo disso ocorreu em Março desse ano. Eu havia acabado de me mudar para São Paulo e estava retornando ao Magic depois de vários anos. Eu montei um deck UG Madness (o deck dos pobres) e li tudo o que podia sobre o deck. Sem muita experiência prática, eu peguei minhas cartas eu fui pra Devir. Eu passei a manhã toda ganhando de oponentes fracos e com decks inferiores, então não estava aproveitando bem o meu tempo para ganhar me aprimorar com o deck. Estava entediado.

É aí que entra um jogador chamado Bira. Ele estava com um deck de goblins (vale lembrar que Scourge ainda não havia sido lançado naquele época) e eu tinha lido que o UG levava vantagem nesse matchup. Como eu achei que o Bira ia ser mais um oponente fraco, achei que o jogo ia ser outra barbada.

Perdi cinco jogos seguidos. Pior que isso: eu não ENTENDIA pq eu estava perdendo. Eu achava que estava ganhando o jogo, estabilizando a mesa com meus bichões e dando card drawings. Eu counterava os Goblin Piledrivers e Blistering Firecats (as cartas dele que mais davam dano). Porque, entaum, eu estava perdendo?

A resposta eh simples: eu estava tentando ser o control quando não devia. Eu estava jogando de forma excessivamente defensiva. Vejam bem: meu deck tinha counters e card drawing. Minhas mágicas eram mais caras que as dele. Meus bichos eram maiores. Entaum eu devia jogar montando uma defesa sólida e depois matar ele com uma ou duas fazes de ataque quando a Wonder estivesse no cemiterio. Certo? Errado.

Apesar de eu ter counters, era ELE quem tinha remoção de criaturas e, principalmente, Sparksmith. Eu estava feliz em deixar o meu Vormão desvirado para bloquear o Piledriver dele e achava legal quando ele “desperdiçava” os Hammers na minha Rootwalla. Mas acontece que ele baixava um Sparksmith ou Grim Lavamancer inocente e, aos poucos, ia comendo minha mesa ateh chegar no ponto que ele me matava com 2-3 goblinzinhos.

Se ao invés de deixar meu Mongrel desvirado para bloquear um Sledder eu tivesse atacado agressivamente, ele nunca teria pontos de vida suficientes para gastar com o Sparksmith. Se eu guardasse os Arrogant Wurmss para serem jogados no fim do turno dele (não dando a opção deles serem mortos por Volvanic Hammer) ao invés de descarta-los na minha main phase para o Careful Study, o Sparksmith naum me machucaria tanto. Se eu tivesse descartado cartas para a Aquamoba para dar +2 pontos de dano ao invés de guardar lands na mão para jogar deep analysis, eu provavelmente ganharia a partida.

São esses detalhes que tornam Magic um jogo tão interessante. Ambos os decks normalmente se comportam de forma agressiva. No entanto, quando pareados, o jogador que melhor compreendeu sua função exata se tornou vencedor.

Minha única chance de vencer a partida quando ele tem um Sparksmith na mesa era ter certeza de que ele não teria vida suficiente para usa-lo de forma eficaz. Esse fato deveria servir para mudar todo o meu estilo de jogo e eu falhei em perceber isso. Eh claro que eu corro riscos de morrer para um Firecar + dano quando eu jogo de forma excessivamente agressiva, mas essa era a minha única chance de vencer a partida.

Depois que eu compreendi isso os jogos foram mais equilibrados e eu diminuí um pouco o vexame.

(nota: UG x Goblins eh um matchup claramente ruim para o UG. Me lembrem de espancar ateh a morte o maneh que falou que o UG tinha vantagem, ok?)

Minha teoria nesse matchup foi comprovada mais tarde, quando o mesmo Bira perdeu para um UG agressivo no top 8 do regional de SJC. O UG em questão usava Might of Oaks e elas foram decisivas na partida. Quer coisa mais beatdown que isso?

Pra quem realmente se interessou sobre esse assunto, confiram as oitavas de finaldo mundial desse ano entre Wolfgang Eder e David Humpherys e vocês vão entender oq eu to falando.

Uma análise similar pode ser feita quando dois decks de controle se enfrentam. O popstar PV citou em sua análise sobre o deck WG Control na brainburst que as Wrath of Gods e Akromas Vengeance devem ser usados como mecanismos de Card-Adavantage quando o WG Control enfrenta, por exemplo, um deck de goblins. Ele passa boa parte do artigo explicando o que eh card advantage e de como eh uma coisa maravilhosa matar 3 goblins do oponente usando uma única carta.

No entanto, ele também recomenda, no mesmo artigo, que vale a pena gastar Wrath of God para matar um Anjo Exaltado contra um oponente que esteja de UW, mesmo q ela leve um bicho seu junto. Se vc fizer as contas, vai perceber que ele sugere que vc gaste duas cartas suas para lidar com uma única carta do oponente. Oq aconteceu com ele papo todo sobre card-adavantage? O PV tah loco?

Naum. Oq acontece eh q embora o WG Control jogue defensivamente contra a maioria dos oponentes, ele eh forçado a ser o beatdwon contra o UW Control. Card Advantage eh legal qdo vc estah tentando estabilizar o controle da partida, mas naum eh disso que o WG Control precisa nesse matchup. Oq o WG precisa eh matar o UW rapidamente, e um Anjo Exaltado no lado oposto da mesa nunca vai deixar isso acontecer. Eh por isso que a Wrath deve ser usada agressivamente.

Como eu disse, eh difícil determinar de forma clara quem eh o beatdown e quem eh o control. Alguns dos pontos que Mike Flores sugere q vc olhe:

1. Quem tem mais dano? Normalmente esse eh o beatdown.
2. Quem tem mais remoção? Normalmente esse eh o control.
3. Quem tem mais counters e card drawing? Quase sempre esse eh o deck de controle.

O ideal eh vc analizar esses 3 pontos simultaneante e entender o peso de cada um. No caso UG x Goblins, o UG tem counters e card drawing, o Goblins tem remoção e ambos se equivalem na capacidade de dar dano. Acontece que Goblins tem MUITO mais remoção doq o UG tem counters [alem do fato dessa remoção (sparksmith e lavamancer) ser muito eficiente], entaum o Goblins deve se comportar como control.

Analisando WG Control x UW Control, fica fácil entender pq o WG eh o beatdown: ele tem mais dano e menos remoção e counters que o UW Control.

Se você eh o beatdwon, seu objeito eh matar o oponente mais rápido que ele possa matar você. Se você eh o control, você deve buscar frear o beatdown no começo do jogo e chegar em uma posição onde possa gerar card advantage e eventualmente ganhar a partida.

Para um último exemplo de um caso em que o papel de control foi determinado corretamente, olhe a final do GP Reims do fim do ano passado.

O jogo entre Alex Mack e Benjamin Caumes envolvia dois decks vermelhos parecidos, mas com diferenças significativas no mirror. O deck de Alex continha Cursed Scrolls e Rishdan Ports, enquanto o de Benjamin possuía mais criaturas. Como os jogadores conheciam os decks um do outro, Alex escolheu começar COMPRANDO ao ganhar no dado. A partida consistiu em Benjamin baixando bichos e Alex os matando através de danos + bloqueios ateh o ponto em que Alex comprou o Cursed Scroll e passou a ganhar card adavantage, ganhando a partida facilmente depois desse ponto.

Alex sabia que seu deck deveria ser o control e a escolha dele em começar comprando revela isso. Se ele tivesse escolhido a rota normal dos decks mono red de começar jogando e tentar fechar o jogo em poucos turnos, ele naum teria ganho com tanta facilidade.

Por hoje eh isso. Espero que vocês tenham gostado!

Nenhum comentário:

Postar um comentário